- 13 de ago. de 2019
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Mas a oportunidade só existe para aqueles que levam na bagagem conhecimento técnico e uma boa dose de inteligência emocional. Entenda:
Quando jovens empreendedores criaram impérios de tecnologia, como Microsoft, Google e Facebook, largando a faculdade no meio do caminho, o mercado de trabalho teve um presságio de que, no futuro, o diploma universitário poderia não ser tão importante assim.
Acontece que agora o futuro chegou — e não apenas no Vale do Silício. Várias empresas que atuam no mercado brasileiro já começaram a abrir mão da formação universitária na hora de escolher seus candidatos.
Entre as profissões que começam a não exigir formação universitária estão programação, designer digital, gerente de produto, profissionais de vendas e de marketing. No Grupo Movile, que tem em seu portfólio marcas como PlayKids, iFood, Sympla e Maplink, 30% dos 2 300 funcionários não têm diploma.
“Estamos à procura de talentos que saibam aprender rapidamente e por conta própria. É importante trabalhar com velocidade em um ambiente dinâmico”, diz Luciana Carvalho, diretora de gente do grupo Movile.
O mesmo raciocínio é usado pela fintech Nubank, que não exige que gerentes de produtos, programadores e desenvolvedores tenham passado pelos bancos das faculdades.
“Queremos um perfil que não seja óbvio, que faça algo diferente do que a maioria das pessoas faz, como trabalhar em alguma comunidade ou morar num país pouco usual”, afirma Thaís Bertoni, recrutadora do Nubank
Várias carreiras, no entanto, devem ficar fora dessa tendência porque são regulamentadas por órgãos específicos — como advogados, contadores e profissionais da saúde.
Nas corporações mais tradicionais, o processo de abrir mão do diploma ainda é tímido, mas existe uma mudança de comportamento dos recrutadores em relação às faculdades dos candidatos.
“Mesmo quando o curso superior é exigido, ele já não é tão determinante quanto foi no passado”, explica Wilma Dal Col, diretora do ManpowerGroup.
Em sua visão, as empresas mais conservadoras também terão de flexibilizar as exigências em relação à formação universitária para ampliar sua capacidade de atrair talentos no futuro.
Conhecimento vale ouro
Ao contrário do que pode parecer, a dispensa do diploma não facilita a conquista de uma oportunidade. O que o trabalhador sabe continua sendo muito importante — o que deixa de ser tão importante é a maneira como a competência foi adquirida.
“As empresas que não exigem diploma não estão abrindo mão do estudo, muito pelo contrário. Elas contratam os profissionais que, mesmo sem a formação formal, têm conhecimento técnico aprimorado”, diz Roberto Picino, diretor executivo da Michael Page, consultoria especializada em recrutamento e seleção.
A trajetória do desenvolvedor Bruno Azisaka, de 31 anos, é um exemplo de que é preciso ter um alto padrão técnico para conseguir uma boa posição no mercado. Ele aprendeu a programar por conta própria, aos 15 anos de idade, usando como referência materiais da internet e livros importados.
“Devo ter lido uns 40 livros técnicos sobre programação e teorias da computação entre os meus 15 e 18 anos”, diz o desenvolvedor, que gostava de passar as férias escolares estudando.
Na adolescência, optou por um ensino técnico na área de processamento de dados. Como costumava desenvolver software livre, um de seus códigos foi descoberto por uma startup americana, que o contratou para trabalhar de forma remota em 2009.
Fonte: EXAME - VOCÊ S/A